De leis da física e cenas de cinema

A Lei da Inércia é um engodo. Todo corpo tende ao repouso, mas tudo ao redor se movimenta. O repouso é uma falsa tendência do meu corpo, que vive do impulso de não perder momentos.

Na minha vida hão de caber todas as minhas inquietações. A idéia de que o tempo passa rápido não pode encontrar espaço. Lembrei das aulas de cinema: 24 quadros por segundo, velocidade normal. Pra câmera rápida, menos quadros por segundo. Câmera lenta, mais quadros. Não, não troquei as bolas. Quanto menos detalhes, mais rápido o fim de seja lá o que for.

Os dias acontecem no ritmo dessas cenas que resolvo encaixar em cada um deles. Tantos detalhes de sonho, decepção, cansaço, esperança e sentido em poucas horas que uma existência inteira cabe em 24 delas. Um dia, 24 horas: eis a convenção, o que não tem jeito. Um segundo, 24 quadros. Esse é o normal. Aprendo, então, a burlar o que parecia inalterável. Não engano o tempo pedindo mais horas no meu dia. A mim, me basta viver muitas vidas por segundo.

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